CARTA AO ESPELHO - para quando a mente começa a contar histórias que o coração ainda não viveu.
Quinta é farol, domingo é espelho. E hoje o reflexo mostra a mente inventando antes de entender. Nem toda ausência é rejeição, às vezes é só a ansiedade… bagunçando o foco da lente.
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Antes de seguir, respire. Sinta o peso da semana sair dos ombros. Aqui não há cobrança - só escuta. Essa é a hora de se ver com mais verdade. Essa é a carta que escrevo primeiro para mim e deixo aberta para quem quiser ler com o coração.
Tem dias em que a cabeça corre mais rápido que os fatos. A gente nem tem todas as peças do quebra-cabeça… Mas já montou a cena inteira, com drama, desfecho e dor antecipada.
É a ansiedade fazendo o papel dela: protegendo, tentando prever, evitando surpresas. Só que, no caminho, ela distorce., faz da dúvida um problema; do silêncio, um sinal; de um detalhe, um desastre.
E é aí que tudo complica, porque quando a gente acredita nessa versão apressada das coisas, passa a agir como se ela fosse verdade. Fecha portas, endurece o corpo e perde o melhor do presente por medo de um futuro que nem existe.
Aprendi, e sigo reaprendendo, que é preciso saber esperar. Esperar a cena inteira, e não só a primeira impressão; esperar as palavras verdadeiras, e não o ruído interno; esperar com mais escuta e menos roteiro pronto.
Nem todo afastamento é rejeição, nem toda pausa é abandono, nem todo desconforto é fim. Às vezes é só o mundo se reorganizando ou só a nossa cabeça pedindo um pouco de silêncio pra não sabotar o que ainda pode florescer.
Talvez o maior desafio seja esse: não acreditar em tudo que a mente sussurra nos bastidores. E seguir, mesmo assim, com leveza e com coragem de não saber, com elegância no meio do caos. Porque tem coisa que só se revela… quando a gente para de inventar o pior final possível.